O consumidor moderno está cada
vez mais exigente e informado e por isso, o maior acesso à informação
reflete-se na relação dele com os alimentos que consome.
Hoje em dia, grande parte da
população já possui uma noção geral acerca de como a alimentação pode afetar a
saúde, tanto de forma positiva quanto negativa.
Produtos com listas extensas
de ingredientes, nomes científicos impronunciáveis e processamentos muito
agressivos despertam a desconfiança de uma parcela dos consumidores, que associam
estes fatores a um distanciamento do que era conhecido por eles como alimento
natural e fresco.
Esta tendência levou ao
surgimento do Clean Label, um movimento que busca uma volta às
origens quando o assunto é alimentação. Produtos mais naturais e com composições
simples são apenas a ponta do iceberg de um conceito amplo e que pode englobar
diversas definições.
O fato é que o clean
label já é uma realidade e está bem próximo de se tornar uma norma.
Assim, é preciso entender como este novo movimento do mercado alimentício pode
mudar a dinâmica da cadeia produtiva.
Afinal,
o que é um produto Clean Label?
O Clean Label surgiu
por uma demanda do público pelo retorno daquilo que é considerado “comida de
verdade”. De acordo com estes consumidores, na lista de ingredientes, deve-se
constar só aquilo considerado necessário e nada de aditivos sintéticos e
artificiais.
Fazem parte da lista de
ingredientes não aceitos antioxidantes sintéticos, diversos adoçantes,
glutamato monossódico, conservantes variados, corantes artificiais, dentre outros.
Por esta descrição, já foi
possível notar que o clean label carregas altas doses de
subjetividade. Ou seja, os ingredientes são “banidos” de acordo com o que o
consumidor percebe como não-natural, desnecessário e/ou maléfico à saúde.
Assim, aditivos que possuem
nomes difíceis de serem pronunciados e os quais o consumidor não entende sua
função no produto, podem ser percebidos de forma negativa sem necessariamente
causarem algum tipo de dano ao organismo.
As
diretrizes do Clean Label e como elas ditam a formulação de
alimentos
Algumas diretrizes básicas
devem ser seguidas para que um produto possa ser classificado como clean
label. São elas:
- Produto 100%
natural: todos os ingredientes devem ser de origem natural, o que
significa que aditivos sintéticos devem ficar de fora da formulação. Além
disso, GMOs também não podem estar presentes.
- Lista
de ingredientes curta e simples: formulações que possuem uma
extensa lista de ingredientes despertam a desconfiança dos consumidores.
Além disso, os poucos ingredientes presentes precisam ter nomes comuns,
facilmente identificáveis pelo grande público.
- Minimamente
processados: produtos que sofreram poucas transformações são
percebidos como mais próximos ao que se considera natural por parte dos
consumidores.
Tendência
ou Realidade?
O clean label já
não é mais uma tendência, mas sim uma realidade comprovada. Uma análise aponta que 73% dos consumidores pagariam
mais para consumir um produto desta categoria.
Outro dado importante aborda a movimentação financeira
dos produtos clean label nos EUA. Em 2015, foram movimentados
cerca 150 bilhões de dólares, sendo que a projeção para 2020 é chegar a 180
bilhões.
Porém, mesmo com o salto nas
vendas, os produtos clean label ainda são considerados de
nicho. Muitos substitutos aos aditivos convencionais apresentam alto custo, o
que acaba por elevar o preço final dos produtos.
A rede de distribuição dos
produtos clean label ainda é tímida e os pontos de venda
começaram a se interessar por esse tipo de produto recentemente.
Basta pensar na forma de
obtenção de produtos orgânicos há alguns anos, algo que era feito somente em
feiras especializadas ou diretamente com os produtores, dificultando o acesso
por parte do público.
Para que os desafios
relacionados aos custos elevados e à rede de distribuição sejam superados
faz-se necessário um aumento na escala de produção.
Isto pode ser possível
investindo-se em marketing e, principalmente, em educar o consumidor quanto aos
benefícios do consumo de produtos 100% clean label.
Conclusão
Mesmo sem uma definição
estrita, o conceito de clean label já invadiu o mercado e se
tornou uma realidade. Para não ficar atrás dos competidores, os setores de P&D
das empresas de alimentos necessitam buscar novas alternativas que estejam
dentro dos preceitos desta nova filosofia.
Buscar ingredientes naturais e
de qualidade, provenientes de fornecedores confiáveis, é o primeiro passo para
a formulação de alimentos que atendam às expectativas do consumidor moderno.
Pelo que apontam as projeções, este tipo de iniciativa tem tudo para se
converter em lucrativos negócios para a indústria alimentícia.
FONTE: BRF INGREDIENTS